terça-feira, 21 de julho de 2009

Eu nunca disse adeus


Passar a noite em claro, nem um minuto sequer conseguir fechar os olhos, ainda tendo alguma esperança de vida, tendo pensamentos lógicos e ilógicos, fazendo de sua vida um filme, vendo todos os detalhes da casa, tendo os paredes de seu quarto como melhores amigas, seu travesseiro um ombro amigo pra derramar as lágrimas que se acumulam e caem sem eu notar. Essa foi a noite mais longa de minha vida, parecia que as horas não passavam, que o relógio estava de mal comigo. Foi a mais longa e piores de toda, sentindo dor, não dores físicas e sim dores muito piores, dores que atingem direto no coração. Coração! Será que ainda o meu bate? Depois de tanto sofrimento já não sei sobre sua vivência, somente que ele está dilacerado, feito cacos de vidros, que eu nem sei se podem ser colados ou substituídos. A dor é profunda e aguda, como se já não bastasse minha mente tão longe, tão distante, flutuando em um mundo que eu nunca conheci. Me sinto como se não tivesse mais chão, o pior não é isso, são as marcas que ali ficaram pra sempre, e nunca, jamais saíram do mesmo lugar, me fazendo lembrar de tudo apartir do momento em que eu ver o extreminador do futuro em minha frente. Esse sim está bem, com o coração intacto, sem buracos, livre, leve e solto, vivendo intensamente, como se nada tivesse acontecido, se achando no direito de me torturar a cada minuto que se passa. Eu não tenho medo dele, ele pode fazer o que quiser que eu de uma forma ou de outra irei superar, passar por cima feito um trator em fúria e sem controle. A minha noite, minha somente noite, intensa como ela, a madrugada gelada, sai as 5:30 hs da madrugada pra rua, não suportava mais ficar naquela abstinência, peguei um ônibus, que me levou ao lugar do caos, onde meu pensamento passeava furtivamente, revivenciar o momento não foi fácil, parecia que estava sendo sacrificada por apunhaladas nas costas. Parecia uma sem teto, sentada no meio fio de outra cidade, pessoas indo pro serviço tão cedo, passavam por mim e me olhavam com indagação, o que está garota faz a essa hora na rua sentada em um meio fio? Eu tinha vontade de gritar, dizer que eu estava me decompondo a cada segundo ali, queria explicar porque eu estava ali, pra não passar por louca, queria ir embora e jamais ter ido ao lugar do reencontro, queria nunca ter desejado sair de minha casa, queria sumir, nunca ter me aprofundado tanto. Mais era tarde, porque não dava pra voltar no tempo, não dava pra voltar no meu passado e tentar ver meus erros de perto. E aí quase as 7:00 hs da manhã, surge quem eu esperava, a pessoa que faltava pro cenário catastrófico ficar completo, pra minha cabeça girar, pro meu coração desparar a 200 por hora. É apartir desse momento que tudo se transforma no verdadeiro inferno esperado com ansiedade por mim durante a noite toda, nos últimos momentos que me lembro, foram de muitas lágrimas, meu rosto inexpressivo, minha memória vazia, meu coração sangrando, minhas olheiras alcançando o queixo e tudo a minha volta parecer irreal. A dor era tanta que eu mal pudia perceber qual parte doía mais, mas tenho certeza que o maior prejudicado foi meu coração, nada se compara com a dor aguda que ele insiste martelar. Daí pra frente o massacre acabou e pude então entrar em minha casa, meu refúgio feliz, de cabeça erguida tendo plena certeza de que nunca tive culpa, quem quis assim não foi eu e que se é pra ser assim, que seja feita a vontade de quem tanto quer. 'foi embora, mais eu nunca disse adeus' F.T

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